Por Gustavo Henrique Thomaz Ramos*
O artigo “Disputas por modos de reconhecimento em políticas afirmativas no Ensino Superior brasileiro” foi publicado na Revista de Antropologia “Campos” da UFPR, no ano de 2021. A autora é Judit Gomes da Silva, Doutora em Antropologia e Arqueologia pela UFPR, pesquisadora associada ao Núcleo de Estudo Afro-Brasileiros (NEAB/UFPR) e ao Núcleo de Antropologia da Política, do Estado e das Relações de Mercado (NAPER/UFPR), e também servidora da UFPR.
A etnografia resultou de seu trabalho de campo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da análise das reuniões do Conselho Universitário – gravadas e disponíveis no acervo digital da instituição – que trataram das disputas por modos de reconhecimento de candidatas/os/es às vagas reservadas às pessoas pretas, pardas e indígenas.
A antropóloga descreve, especialmente, os agenciamentos de estudantes negras/os/es e indígenas da UFSC nas disputas sobre os modos de reconhecimento para o ingresso na Universidade por meio de políticas afirmativas. Silva destaca as diferentes agencias que tencionaram a decisão do Conselho Universitário para a destituição da comissão de validação fenotípica, no ano de 2013. E, em 2017, quando o Conselho restituiu as bancas de validação fenotípica, devido a indícios de fraudes no ingresso, por meio das ações afirmativas, estudantes negras/os/es se mobilizaram politicamente e, com isso, passaram a participar das bancas e da organização do processo. Silva conclui que “tais agenciamentos evidenciaram que as e os estudantes são os maiores interessados na política afirmativa e desejam ser reconhecidos como interlocutoras/es nas questões acerca das múltiplas dimensões da vida acadêmica” (SILVA, 2021, p.127).
O artigo de Silva traz diferentes lados dos tensionamentos em relação aos procedimentos de validação da autodeclaração de concorrentes à vagas reservadas a pessoas pretas, pardas e indígenas, além de trazer um bom panorama a respeito da discussão histórica das cotas para pessoas negras, através da exposição dos mecanismos jurídicos que as pautaram, tanto na UFSC, quanto em nível nacional. O trabalho da pesquisadora é uma leitura riquíssima para todas/os/es interessadas/os/es em saber mais sobre as cotas e, especialmente, sobre as bancas de validação, que são partes importantes da garantia da efetivação do direito a universidade.
Para conferir o artigo de Silva, clique aqui.
Silva conclui que “tais agenciamentos evidenciaram que as e os estudantes são os maiores interessados na política afirmativa e desejam ser reconhecidos como interlocutoras/es nas questões acerca das múltiplas dimensões da vida acadêmica”
(SILVA, 2021, p.127).
*Gustavo Thomaz Ramos é bolsista do Núcleo de Comunicação da SIPAD e estudante de Letras Português/Inglês na UFPR.