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23 de setembro – Dia da (in)Visibilidade Bissexual

Texto de Ariane Domborovski

No dia 23 de setembro de 1999, ativistas dos direitos bissexuais se reuniram nos Estados Unidos, dando origem ao Dia da Visibilidade Bissexual, que nasceu com o objetivo de dar visibilidade à comunidade bi e combater a bifobia, que é o preconceito e a discriminação de bissexuais devido a sua orientação sexual. Mas o que mudou nesses 21 anos?!

Imagem gráfica com fundo formado por listras coloridas e irregulares na vertical. Essas listras estão na seguinte sequência: lilás, pink, roxa, azul escura e a última também lilás. Sobre a listra pink, em letras brancas: 23 de setembro. Centralizado sobre a listra roxa e parte da listra azul escura, em letras brancas grandes: Dia da Visibilidade Bissexual é todo dia! Na base lilás, ao lado esquerdo, a logo da SIPAD e ao lado direito, a logo da UFPR.
Arte: Tainara Alexandra

As pessoas bissexuais sofrem preconceito dentro e fora da comunidade LGBTI, sendo sua orientação sexual ainda vista como uma confusão ou como algo inexistente – dizem ser “impossível” sentir atração por ambos os gêneros. Afinal, o que é ser bissexual?

          Bissexuais são aquelas pessoas que se relacionam – tanto afetiva ou emocionalmente, quanto sexualmente – com ambos os gêneros, podendo também sentir apenas atração física por ambos os gêneros, sem que se faça necessário ter uma relação íntima ou emocional com outra pessoa, mas ainda se reconhecer como bissexual. Não existe uma régua para a bissexualidade: não é necessário que a atração seja dividida em 50% por homens e 50% por mulheres (sendo cis ou trans); sentir mais atração por ou estar em um relacionamento com um gênero específico, não torna a pessoa menos bissexual.

          Ainda que muitas/os não entendam o que é ser bissexual, essa é uma orientação sexual legítima, que não se confunde com uma fase de experimentação, transição ou moda; não é a busca de compreensão ou certeza sobre a sua orientação sexual “verdadeira”, como lésbica, gay ou heterossexual (sendo cis ou trans). A despeito de mitos e preconceitos que rodeiam a bissexualidade, ela não é conveniente ou inventada para ser mais aceita na sociedade, pois, em geral, as pessoas que se identificam com essa orientação também sofrem com o preconceito – inclusive dentro da própria comunidade LGBTI, que deveria ser um espaço de acolhimento –, sendo constantemente pressionadas/os a “escolher uma orientação sexual”, já que, mesmo não sendo a regra, muitas pessoas se assumem bissexuais para depois se assumirem lésbicas ou gays (cis ou trans).

          Nesse dia 23 de setembro, trazemos um olhar especial para o enfrentamento da bifobia. A bifobia é o preconceito e a discriminação direcionada a pessoas bissexuais. É um tipo específico de preconceito e discriminação, que causa prejuízos, muitas vezes irreversíveis. Bissexuais têm maior propensão ao desenvolvimento de problemas de saúde mental, quando comparadas/os a pessoas monossexuais, segundo um estudo realizado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos (2019)[1], pois, muitas vezes, não se sentem confortáveis em falar abertamente sobre sua orientação sexual por medo da rejeição, do preconceito e da constante pressão para que se “decidam” e tenham “adequação social”, como se a bissexualidade fosse uma simples “escolha”. Além disso, existe o mito de que bissexuais são pessoas amorais, que fazem muito sexo e que dão em cima de qualquer pessoa, independente do gênero. Da mesma forma que as outras pessoas, bissexuais se sentem atraídas/os por algumas pessoas em específico, que podem ser de qualquer gênero. No entanto, não se interessam por absolutamente todas as pessoas, assim como acontece com lésbicas, gays e heterossexuais (cis ou trans).

          Além disso, se pensarmos de forma interseccional, trazendo outros marcadores da diferença, como raça, classe, deficiência e geração para o debate, por exemplo, é possível compreender que a bifobia se potencializa e intersecciona amplificando as exclusões e violências.

          Ser feminista, bissexual e estudar em um dos setores mais conservadores da Universidade Federal do Paraná – UFPR, é se auto reafirmar todos os dias e vencer todos os desafios, preconceitos e discriminações que permeiam o dia a dia.

          Dar visibilidade à comunidade Bissexual e combater a bifobia se faz cada vez mais necessário para que se dissemine o conhecimento e a inclusão dessa orientação, ainda invisível para sociedade. Ser bissexual é sobre poder amar sem amarras e saber exatamente como se identifica e de quem se gosta; é sobre se autoconhecer; é sobre acordar todos os dias e saber exatamente quem eu sou!

Ariane é acadêmica de Administração na UFPR ; bolsista de pesquisa na área de Gênero e Diversidade Sexual da SIPAD e atuante no Coletivo Daisy e no Coletivo Liberte.


[1] BROWN, Anna. Bisexual adults are far less likely than gay men and lesbians to be ‘out’ to the people in their lives. Pew Research Center: Stanford University, 18 jul. 2019. Disponível em: https://www.pewresearch.org/fact-tank/2019/06/18/bisexual-adults-are-far-less-likely-than-gay-men-and-lesbians-to-be-out-to-the-people-in-their-lives/. Acesso em: 13 set. 2020.

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